quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Opinião Política - Wall Street: O Povo Nunca Dorme


Nestes dias, Wall Street, o centro financeiro dos Estados Unidos foi sacudido por uma onda de protestos contra o sistema financeiro. Inúmeras pessoas montaram barracas em Wall Street, carregaram cartazes contra a globalização, organizaram manifestações por meio de blogs e das redes sociais, fizeram passeatas, depredaram prédios e gritaram palavras de ordem contra o sistema financeiro, inclusive a polícia teve que ser chamada para reprimir o ato, num movimento inédito nos Estados Unidos, lembrando os protestos pelos direitos civis e contra a Guerra do Vietnã. Trata-se de um protesto contra especuladores, operadores do mercado financeiro, operadores das Bolsas de Valores, operadores de Wall Street, rentistas, banqueiros, agiotas, os principais responsáveis pela crise econômica de 2008 que abalou e até agora abala os quatro cantos do planeta com forte desemprego, forte recessão, dívidas elevadas, quedas das Bolsas de Valores, desaquecimento da atividade produtiva, quebras de instituições financeiras, falências, demissões em massa, instabilidade, caos social, rebaixamentos de notas de classificação de risco dos governos e dos bancos e muita incerteza em relação ao futuro. Segundo os manifestantes, essa crise sistemática do mundo é um reflexo da ganância do homem, principalmente daqueles que não querem o benefício de todos e a satisfação de suas necessidades apenas, mas que buscam lucrar com especulação, juros, serviços da dívida, seguros, agiotagem, usura, câmbio, capital de risco e demais práticas desleais.

Opinião Política - Tango do Casal Kirchner


Nestes dias Cristina Kirchner foi reeleita presidente da Argentina com folga, dando continuidade ao estilo K, tão marcante na Era Kirchner, inaugurada pelo seu falecido marido Néstor Kirchner. Como se sabe, Néstor Kirchner assumiu o governo argentino em meio ao caos econômico e uma crise política, de imensas proporções. Em apenas duas semanas, a Argentina teve cinco governantes diferentes, as ruas foram tomadas por protestos, confrontos, saques, manifestações, panelaços e muita violência, foram decretados estado de emergência e estado de sítio, houve o congelamento das contas bancárias e houve a decretação unilateral da moratória da dívida externa. Tratava-se de uma crise que vinha de antes, originada do governo Carlos Menem que manteve o peso argentino atrelado ao dólar norte-americano e adotou uma política feroz de privatização das estatais, e que estourou durante o governo de Fernando de La Rúa, em 2001. A crise só foi contida quando o governo Eduardo Duhalde desvalorizou o peso e convocou eleições em 2003, que culminou com a vitória de Néstor Kirchner, pondo a casa em ordem. Durante os governos Kirchner houve a recuperação da economia argentina, a economia cresceu a taxas anuais de 9%, houve a criação de uma ampla rede de programas sociais, houve a redução dos índices de pobreza, o povo argentino recuperou o orgulho nacional perdido e houve o julgamento e a condenação de líderes do regime militar acusados de abusos dos direitos humanos. Por outro lado, os governos Kirchner foram marcados pela reestruturação da dívida externa com os credores internacionais, o confronto com o FMI, o conflito com os agroexportadores, a perseguição a imprensa e aos meios de comunicação, principalmente o Grupo Clarín, acusações de manipulação dos índices oficiais de inflação, a estatização e nacionalização de empresas privadas e da previdência privada, a elevação dos gastos públicos, o ressurgimento da questão das Malvinas, o aparelhamento e cooptação dos sindicatos e movimentos sociais e a aproximação com Hugo Chávez. Assim, lembrando Juan Domingo Perón e Evita Perón, no estilo marcado pelo populismo e pelo nacionalismo, se movendo da esquerda para a direita e flertando com o autoritarismo, Néstor Kirchner e Cristina Kirchner recuperaram a Argentina da crise e, dessa forma, confirmando a tendência de ascensão de governos de esquerda na década de 2000 na América Latina, Cristina Kirchner foi reeleita, para dar continuidade ao Kirchnerismo.