A eleição do socialista François
Hollande na França abriu discussões na Europa sobre a maneira mais adequada de
conter a crise e salvar a União Européia. Nessa discussão, impõem-se dois caminhos
diferentes para debelar a crise que já dura cinco anos: a austeridade defendida
pela primeira-ministra alemã Angela Merkel e o crescimento defendido pelo
presidente francês François Hollande. Angela Merkel defende a redução do
déficit, que seria o excesso de despesas em relação à receita anual dos cofres públicos,
aumento de impostos e cortes orçamentários, medidas que reduzam o endividamento
dos governos, acusados de terem gasto demais durante a bonança e pressionados a
gastar ainda mais para resgatar os bancos afetados pela crise econômica de
2008. François Hollande defende a revisão do pacto fiscal firmado pela zona do
euro dando mais ênfase para o crescimento e estímulos para o crescimento por
meio do aumento dos gastos públicos. O problema das medidas de austeridade é
que se tornaram altamente impopulares com o público, uma vez que impõem cortes
em serviços públicos, aumento da idade de aposentadorias e reduções salariais para
aposentados e funcionários públicos, afetando o crescimento. Já as políticas de
Hollande rompem com o pacto fiscal europeu firmado por 25 dos 27 países que
integram a União Européia e que se encontra em processo de ratificação pelos
Parlamentos de cada membro e cujo objetivo principal é tornar os governos mais
disciplinados com relação a suas finanças e convencer os mercados de que os países
europeus não incorrerão ao descontrole dos seus gastos, uma vez que precisam
honrar pagamentos e apertar o cinto a duras penas, movimentando a política européia.
Nesse sentido, muitos defendem um equilíbrio entre austeridade e crescimento,
um equilíbrio entre a necessidade de consolidação fiscal e as preocupações com
o crescimento, um equilíbrio entre redução dos gastos e o estímulo ao
crescimento, ou seja, lidar com a turbulência financeira sem implementar cortes
tão drásticos. A crise que, segundo o Reino Unido, ameaça a sobrevivência do
euro e da União Européia, que derrubou os governos de Portugal, Grécia, França,
Espanha, Irlanda, Itália, Islândia, Reino Unido, Eslováquia, Romênia e Holanda
e que opôs os governos de Alemanha e França, as maiores economias do bloco, teve
origem no endividamento dos países europeus, agravada com o resgate dos bancos
afetados pela crise econômica de 2008, e somente pode ser resolvida honrando-se
essa dívida, mesmo que sob duras penas, e não endividando ainda mais.