A Venezuela
viveu recentemente uma crise política e institucional decorrente da doença do
presidente Hugo Chávez. Reeleito em outubro, Hugo Chávez deveria tomar posse
para seu terceiro mandato consecutivo no dia 10 de janeiro. No entanto, Hugo
Chávez se encontrava em Cuba desde o dia 8 de dezembro para fazer o tratamento
contra um câncer na região pélvica, deixando em seu lugar seu vice Nicolás
Maduro e gerando dúvidas sobre o procedimento a ser seguido devido a ausência
do líder em sua própria posse. A Constituição venezuelana estabelecia que o
juramento do presidente eleito ocorra sempre no dia 10 de janeiro, diante da
Assembleia Nacional. Para o governo a posse era apenas uma mera formalidade
desnecessária, uma vez que haveria a continuidade do governo pelo fato de o
presidente ser o mesmo, propondo o adiamento da posse de Chávez. Esse adiamento
visava impedir o acirramento da disputa interna entre as duas maiores facções
do chavismo, a de Nicolás Maduro, vice-presidente, e a de Diosdado Cabello,
presidente da Assembleia Nacional. Para a oposição, os chavistas tentavam dar
um golpe e estender o mandato de Hugo Chávez. No fim, a Justiça, composta por
chavistas, deu ganho de causa ao governo, considerando constitucional o
adiamento por tempo indeterminado porque não haveria a interrupção do mandato.
A adaptação da Constituição aos interesses chavistas contou com o apoio dos
governos esquerdistas de Argentina, Equador, Peru, Uruguai, Bolívia e
Nicarágua. Hugo Chávez já está no poder da Venezuela desde 1999 e se encaminha
para seu terceiro mandato consecutivo sob a nova Constituição bolivariana. Em
todo seu governo Hugo Chávez centralizou o poder na Venezuela em sua figura, a
ponto de sua ausência criar um vácuo no poder e provocar uma crise política.
Não se sabe quem teria força política suficiente para substituí-lo. Tudo indica
que Nicolás Maduro é o favorito entre os chavistas para uma futura sucessão de
Hugo Chávez, mas sem o brilho do líder bolivariano.