A Itália hoje vive uma crise política
e econômica que ameaça deixar o país sem governo, sem um líder capaz de
conduzir o seu destino e com saudade da dolce vita de tempos atrás. Vale
lembrar que de uma posição de dependência da agricultura, analfabetismo
disseminado e severo subdesenvolvimento, a Itália alcançou um dos mais altos
padrões de vida do mundo; as famílias italianas chegaram a estar, em média,
entre as mais ricas do mundo, protegidas pela solidariedade familiar e por uma
abrangente rede de segurança social que o americano comum invejaria. O modelo
italiano se baseava em uma formidável rede de pequenas empresas, entre as quais
21 mil chamadas multinacionais de bolso, que exportavamm para 150 países. A
economia italiana repousava em grande parte no prestígio da Marca Itália e da
dolce vita a ela associada, uma verdadeira história de sucesso e que hoje busca
resistir a invasão chinesa. No entanto, o modelo entrou em crise pelos
seguintes fatores: declínio histórico do modelo econômico, erros dos governos
dos últimos anos, erros do governo da Europa, a globalização, a explosão do
Made in China, que tornou infernal a vida das empresas italianas, ainda mais
que o país ficou atado ao euro, que impede desvalorizações. Assim, a Itália passou
a ocupar o 167o lugar em um hipotético torneio de crescimento entre
179 países, cresceu esquelético 0,2% na média do período compreendido entre os
anos de 2001 e 2010, a crise de 2008 em diante pegou o país no contrapé e em
2009 o tombo foi de 5,2%. No ano passado, com a entrada em vigor de um regime
de austeridade, como é de regra na Europa, a vida do italiano não foi nada
dolce, 2012 foi o pior ano do pós-guerra, o licenciamento de carros voltou ao
nível de 1979, em janeiro deste ano, a confiança do consumidor registrou o
nível mais baixo desde 1996. O ex-premier italiano Silvio Berlusconi, o homem
mais rico da Itália, envolvido em escândalos sexuais e investigado por crimes
que vão desde evasão fiscal a corrupção, em seu quarto mandato, levou a Itália,
a terceira economia da zona do euro, às portas do calote, os juros da dívida
italiana subiram de 0,45%, quando assumiu em 2008, para 5,19% em novembro de
2011, quando foi defenestrado por um golpe branco articulado pela União Européia,
dando lugar ao técnico Mario Monti, que não conseguiu debelar a crise. E nestas
eleições ainda não entrou em consenso sobre quem vai governar o país. A Itália
vive a nostalgia da dolce vita.