sábado, 23 de fevereiro de 2013

Opinião Política - O Faraó do Islã







O Egito foi tomado nesses dias por novos e intensos protestos nas ruas, no momento em que se completam dois anos da queda do ditador Hosni Mubarak, lembrando cenas da chamada Primavera Árabe. Os protestos se espalharam por várias partes do país e a praça Tahir, no centro de Cairo, foi novamente ocupada por uma imensa multidão, fazendo com que as autoridades decretassem estado de emergência e anunciassem que tal crise política pode levar ao colapso do Estado, havendo a perda de confiança nas instituições e a sensação de ausência de lei e ordem. Dessa vez, os protestos se voltam contra o presidente Mohammed Mursi da Irmandade Muçulmana, eleito democraticamente, nas primeiras eleições livres do país e que elegeu um civil. Os protestos são contra a ampliação dos poderes de Mohammed Mursi e a aprovação da nova Constituição, que muitos dizem favorecer a parcela islâmica da população. Acusam o presidente Mohammed Mursi de trair os ideais da revolução e de tentar impor uma ditadura islâmica, nos moldes do Irã, no país. Vale lembrar que a Irmandade Muçulmana, hoje no poder, é a maior e mais antiga organização islâmica do Egito. Fundada em 1928, com o objetivo de espalhar os preceitos do Islã, o movimento teve seus ideais disseminados rapidamente e, no fim da década de 1940, estimava-se que possuísse 2 milhões de seguidores no Egito. Logo o movimento ganhou ramificações em outras nações árabes, como a Síria e o Iraque. Em meados da década de 1950, a ascensão do teólogo Sayyid Qtub como liderança pôs a Irmandade Muçulmana no caminho do radicalismo. Qutb foi e continua sendo inspiração para grupos como o Hamas, o Hesbolah e até mesmo a Al Qaeda, prestando ajuda em dinheiro. Apesar de afirmar ter adotado o caminho da moderação e da renúncia a violência, o movimento desperta temor e desconfiança no Egito e no Ocidente, pois um de seus objetivos é criar gradualmente um Estado regido pela lei islâmica, a sharia. Além disso, o Egito viveu 30 anos sob a ditadura de Hosni Mubarak que obteve algum crescimento econômico, controlou a população com mãos de ferro e contou com o apoio dos Estados Unidos, de Israel e do Ocidente. No entanto, tal crescimento econômico não melhorou a vida da população egípcia, que conviveu anos com a corrupção de Hosni Mubarak e a pobreza. O Egito viveu 30 anos sob a ditadura de Hosni Mubarak e agora caminha para a ditadura do Islã.