Nestes dias, durante quase três meses
ininterruptos as ruas do Brasil inteiro se encheram de manifestações populares
jamais vistas desde a redemocratização, em um verdadeiro fato histórico, e que
fizeram com que muitos governos perdessem popularidade e temessem a reação da população.
Foi um movimento geral organizado pelas redes sociais, sem a participação de
partidos políticos, contra a classe política geral, com reinvindicações
diversas e que varreu o Brasil de norte a sul, tanto nas capitais quanto no
interior. Começaram protestando contra o aumento das tarifas de ônibus, depois
contra os custos elevados dos eventos esportivos em meio a pobreza da população,
coincidindo com a Copa das Confederações de futebol, a paixão dos brasileiros,
e por fim exigindo melhores serviços básicos das autoridades. Tais manifestações
fizeram a aprovação da presidente Dilma Rousseff despencar, afetaram os
governadores Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral e os prefeitos Fernando Haddad e
Eduardo Paes, não diferenciou governo e oposição, afetaram os políticos
tradicionais, sem distinção de partido e turbinou a candidatura de Marina
Silva, vista como uma política diferenciada e nova. A reação das autoridades
foi imediata. A presidente Dilma Rousseff propôs uma Assembléia Constituinte e
depois um plebiscito sobre a reforma política e criou o programa Mais Médicos. Muitas
prefeituras cancelaram o aumento das tarifas de ônibus. Até as tarifas de
pedágio foram contempladas. Medidas foram anunciadas para diminuir a pressão
popular. A maior parte do movimento foi pacifico e foram poucos os casos de
vandalismo e violência, de grupos infiltrados que se aproveitaram da onda. Tais
protestos chegaram, inclusive a chamar a atenção da imprensa internacional, com
destaque no mundo todo. O povo brasileiro finalmente acordou e foi para as ruas
exigir mais cidadania, mais saúde, mais educação e outros serviços básicos,
enfim uma democracia representativa de verdade, com instituições que lhes
representem de fato. As autoridades que não abram o olho.