Nestes dias, o Paraguai assistiu ao impeachment de seu presidente Fernando Lugo, viu a chegada ao poder de seu vice Frederico Franco, foi expulso do Mercosul e da Unasul, sofreu pressões de seus vizinhos da América do Sul e viu a entrada da Venezuela no Mercosul. O presidente de esquerda Fernando Lugo sofreu um processo relâmpago de impeachment pelo Congresso Nacional que durou apenas 30 horas, fato que gerou especulações de um golpe de Estado, pois não teria tido tempo suficiente para se defender, logo após um episódio de conflito agrário em Curuguaty envolvendo sem-terra e fazendeiros que acabou em confronto armado, deixando 17 mortos. Fernando Lugo foi eleito em 2008 com uma bandeira de esquerda, prometendo durante a campanha promover a reforma agrária, aumentar o preço da energia de Itaipu pago pelo Brasil e reduzir as desigualdades sociais, com o apoio de movimentos sociais e de partidos de direita tradicionais, ao qual pertence Frederico Franco, rompendo um ciclo de hegemonia do Partido Colorado, há seis décadas no poder, vinha enfrentando crise politica com a Igreja Católica por assumir a paternidade de dois filhos tidos com duas mulheres quando ainda era bispo, vinha sendo acusado pelos fazendeiros brasileiros, os brasiguaios, de proteger e incitar os sem-terra paraguaios e era acusado de defender grupos guerrilheiros, como o Exército do Povo Paraguaio (EPP). Fernando Lugo, após a decisão do Congresso Nacional, fez um discurso afirmando que aceitava a decisão e pediu aos seus partidários que fizessem manifestações pelo país, reprimidas durante confusão em tentativa de invasão do Congresso Nacional. Frederico Franco, de direita, logo após assumir o poder, recebeu o apoio dos brasiguaios, que temiam os sem-terra. Como retaliação ao suposto golpe de Estado, o Paraguai foi suspenso imediatamente do Mercosul e da Unasul, ação osquestrada por Hugo Chávez, Cristina Kirchner e Rafael Corrêa e aceita por Dilma Rousseff. O Paraguai sofreu fortes pressões de seus vizinhos latino-americanos, encabeçadas por Hugo Chávez, que interrompeu o fornecimento de petróleo ao país, e inclusive chegou-se a cogitar a aplicação de sanções econômicas contra o Paraguai. Diante da suspensão do Paraguai do Mercosul, a primeira suspensão da história do bloco, os demais membros aprovaram imediatamente a entrada da Venezuela no bloco, uma vez que o Congresso Nacional do Paraguai impunha obstáculos a sua pretensão. Os Estados Unidos e a OEA afirmaram que não houve golpe de Estado, que a Constituição paraguaia foi respeitada, que o impeachment foi legitimo e que Fernando Lugo ia respeitar a decisão do Congresso. O que se vê no Paraguai é uma clara ingerência politica por parte de Hugo Chávez e seus aliados na soberania do país, com o uso do Mercosul e da Unasul como instrumentos de pressão política, claramente tendenciosos, uma vez que o impeachment de Fernando Lugo apesar de rápido respeitou a Constituição paraguaia e foi decidida pelo Congresso Nacional, órgão maior que representa a vontade popular, inclusive com a promessa de Fernando Lugo de que respeitaria a decisão, como se vê na alegação de que a suspensão do Paraguai do Mercosul se deu pelo fato de o país ferir a democracia e na aceitação da entrada imediata da Venezuela de Hugo Chávez no bloco, decisão apoiada inclusive por Dilma Rousseff.