A China a cada dia aumenta a sua
presença na África, que tem como atração: matéria-prima em abundância,
indústria local fraca e um mercado inexplorado para os produtos chineses,
relembrando a época do colonialismo europeu. O comércio entre a China e a
África aumentou de aproximadamente 20 bilhões de dólares em 2000, até 200
bilhões em 2012. O volume de investimentos diretos da China na África chegou a 20
bilhões de dólares no ano passado e o número de empresas chinesas que operam no
continente chegou a 2 mil. O petróleo é, de longe, o principal fator de
envolvimento chinês no continente. Por isso, Angola, Sudão e Nigéria, os
maiores produtores da África, são beneficiados. Este ano Angola chegou a
ultrapassar a Arábia Saudita como o principal fornecedor de petróleo da China. Linhas
de crédito abertas por Pequim estão sendo usadas para abrir estradas, construir
pontes e recuperar ferrovias destruídas pela guerra civil angolana (1975-2002).
O Sudão viu a sua economia crescer 11,2% este ano, também graças a China,
destino de 64% dos barris extraídos do subsolo sudanês. Na Nigéria, além de
fornecer crédito e ajuda técnica para a construção de refinarias e
hidrelétricas, o governo chinês está investindo no setor de telecomunicações,
com o lançamento de um satélite para transmissão de sinal de celulares. Da
África do Sul, a China compra minério de ferro e platina; do Gabão e Camarões
madeira; do Congo cobre e cobalto; das nações do centro e do oeste africanos a
maior parte de sua produção de algodão. A estratégia chinesa para o continente
inclui ajuda humanitária e propostas de negócios irrecusáveis, com preços
abaixo do mercado e perdão de dívidas, levando os críticos a falar em
concorrência desleal. Muitos países africanos vêem a ofensiva chinesa como uma saída
para captar investimentos, uma vez que antes os países africanos sofriam para
conseguir verbas e créditos de instituições como o FMI e o Clube de Paris, que
exigiam metas que eles não conseguiam cumprir, surgindo assim a China como
alternativa viável ao oferecer empréstimos a taxas baixíssimas. Pequim alega
que não mistura política com negócios e sua linha não é de intervir nas
questões internas dos países. Dessa forma, a China fecha acordos com líderes
acusados de violar os direitos humanos e ditadores, como Omar al-Bashir,
presidente do Sudão, onde o genocídio em Darfur já matou mais de 200 mil
pessoas, despertando pressões por parte dos Estados Unidos e do Ocidente,
defensores da democracia. O tamanho do apetite chinês por petróleo e minérios prejudica
a diversificação da economia dos países africanos. Nas duas áreas, a criação de
empregos é limitada. Sem uma indústria manufatureira e dependente do instável
mercado mundial de commodities, o continente desenvolve-se de modo pouco
sustentável. Além disso, os contratos que os chineses assinam normalmente não
os obriga a transferir tecnologia. Há reclamações de que só é utilizada
mão-de-obra chinesa nas obras. Na Zâmbia, empreiteiras da China construíram uma
ferrovia de 2 mil quilômetros e reformaram um porto. Terminadas as obras, os
chineses partiram sem ensinar técnicos locais, que agora não sabem como fazer a
manutenção da ferrovia ou do porto. Muitas parcerias fechadas com a China são marcadas
por falta de transparência. A presença chinesa no continente africano desperta
temores por parte dos Estados Unidos e do Ocidente, temendo um colonialismo
chinês no continente. A China é vista pelos países africanos como um país em
desenvolvimento, confiando mais nela do que no Ocidente, devido em parte a seu
histórico de exploração, mesmo que alguns de seus negócios sejam questionáveis.
Enfim, a China aumenta a sua presença na África a cada dia, aproveitando as
brechas deixadas pelo Ocidente, servindo como alternativa para o
desenvolvimento do continente africano.