Hoje, no mundo, vive-se uma espécie de nova Guerra Fria, na qual se encontram de um lado os Estados Unidos e de outro a Rússia e a China, cada lado adotando políticas diferentes, concorrentes e rivais. Politicamente, os Estados Unidos são uma democracia, tem eleições livres, há alternância de poder, os direitos humanos são respeitados, há liberdade de expressão, de pensamento, de internet e de imprensa, há oposição e não há perseguição política. Já na Rússia e na China, não há democracia, praticamente não há eleições livres, nem alternância de poder, a internet, a imprensa, os meios de comunicação são controlados pelo governo, as oposições e minorias são duramente perseguidas e reprimidas, e não há democracia. Em termos econômicos, nos Estados Unidos, a economia de mercado funciona normalmente. Já na Rússia e na China, o Estado tem forte presença na economia, as estatais tem grande força e medidas estatizantes tem sido adotadas recentemente. No cenário internacional, são inúmeros os exemplos de conflitos entre estes atores. Nas crises da Coréia do Norte, do Irã, do Sudão e do Oriente Médio, enquanto os Estados Unidos defendem medidas duras contra esses países, Rússia e China são favoráveis a medidas brandas, visto que os apóiam, dão suporte e até sustentam esses países e suas políticas. No Conselho de Segurança da ONU, esse conflito decorre do fato de Estados Unidos, Rússia e China serem membros permanentes e deterem o poder de veto, havendo na prática a anulação das medidas a serem tomadas pelo órgão. Nas discussões sobre democracia, intervenção e direitos humanos, Estados Unidos defendem a tese da universalidade desses valores para justificar uma possível intervenção no país em discussão e a imposição de valores ocidentais, enquanto Rússia e China, por também serem totalitários, defendem a tese da soberania, da cultura e das particularidades de cada nação para condenarem a intervenção e a imposição de valores. Na Ásia Central, tem havido conflitos crescentes entre Estados Unidos e Rússia na região, em busca de influencia política, bases aéreas, rotas e os ricos poços de petróleo, como ilustram os conflitos na Geórgia, Quirguistão, Ucrania e Chechenia. A expansão da OTAN e da União Européia, no Leste Europeu, área que viveu décadas sob o guarda-chuva da ex-União Soviética e do comunismo, incomoda Moscou. Estados Unidos e Rússia competem em relação a armas nucleares e ao escudo anti-mísseis. Já com a China, a questão de Taiwan, a questão do Tibete e a política industrial e de meio ambiente são assuntos polêmicos. Além dessa lógica clássica de rivalidade, existe a rivalidade regional, na qual uma potencia totalitária de cada região apoiada por Rússia e China, ou elas mesmas, compete com os Estados Unidos e uma potencia democrática da mesma região, em busca de influência política. Assim, na América Latina existe a tensão entre Venezuela e Estados Unidos e Colômbia, na África a tensão entre Zimbábue e África do Sul e Estados Unidos, no Oriente Médio a tensão entre Irã e Israel e Estados Unidos, na Ásia a tensão entre a China e Japão e Estados Unidos e na Europa a tensão entre Rússia e Reino Unido e Estados Unidos. Essa lógica que nos remete aos tempos da Guerra Fria, tem sido nos últimos anos a base das Relações Internacionais.
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