quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Opinião Política - Pax Colombiana





O governo colombiano e as FARC anunciaram nestes dias a retomada de negociações de paz, o que pode pôr um fim definitivo ao conflito colombiano, um dos conflitos mais antigos da América Latina, iniciado há cerca de 50 anos, que já matou 30 mil pessoas, provocou homicídios, desaparecimentos, sequestros e deslocamentos internos forçados e fez da Colômbia o quinto país mais violento do mundo. O conflito colombiano teve origem nas disputas pelo poder entre liberais, socialistas e conservadores. Os liberais se aliaram aos socialistas para enfrentar os conservadores numa guerra civil que durou 16 anos, de 1948 a 1964. Em 1964, temendo a radicalização da guerrilha camponesa, influenciada pela revolução cubana, os liberais se aliaram aos conservadores e apoiam o envio de tropas ao povoado de Marquetália e os comunistas, em fuga para as regiões montanhosas da selva constituem as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no início tinha como objetivos criar um estado comunista na Colômbia inspirado em Fidel Castro, promover a distribuição igualitária da renda, fazer a reforma agrária, pôr fim a corrupção e o rompimento das relações com os Estados Unidos. As FARC atuam no meio rural e utilizam táticas de guerrilha. A guerrilha de esquerda ELN (Exército de Libertação Nacional) também passa a atuar na Colômbia, em 1965. Em 1968 é criada uma lei que permite a formação de um exército de direita para lutar contra os guerrilheiros de esquerda. Esse exército foge do controle nacional e em 1997 é criada a Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), formada por paramilitares. As AUC são responsáveis por diversos massacres que ocorrem no país. Na década de 1990 as FARC chegaram a dominar cerca de 40% do território colombiano. No entanto, as ações do exército colombiano, que durante o governo de Álvaro Uribe implanta a política de Segurança Democrática e faz uma ofensiva linha-dura contra o grupo, e o Plano Colômbia, acordo firmado com os Estados Unidos em 2000, que previa um financiamento de 1,3 bilhão de dólares em ajuda financeira para os programas de combate as drogas e cooperação militar dos órgãos de inteligência dos dois países enfraqueceram de vez o grupo, que teve seu líder Manuel Marulanda, o Tirofijo, assassinado em setembro de 2010. Há indícios de que as FARC recebem apoio e proteção do governo de Hugo Chávez e do Equador de Rafael Correa, como ficou evidente no ataque colombiano a um acampamento das FARC em solo equatoriano em 2008. Para sobreviver, o grupo passou a se sustentar por meio do tráfico de drogas e do sequestro de civis, sendo a partir de então considerado uma organização terrorista. Com o tempo, as FARC perderam o apoio da população colombiana que via no grupo uma alternativa para reparar as desigualdades sociais, com a maioria de seus habitantes discordando de sua atuação. Diversas negociações foram feitas entre o governo colombiano e os grupos guerrilheiros, todas fracassaram e somente as AUC se desmobilizaram. As FARC e a ELN lutam para sobreviver. Se o governo de Juan Manuel Santos conseguir negociar a paz com as FARC, uma vez que vem ensaiando uma aproximação com o grupo, um passo importante e histórico será dado na América Latina e poderemos viver finalmente em paz.









segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Opinião Política - Congresso Chinês







Nestes dias, a China, a segunda maior economia do mundo depois dos Estados Unidos, escolhe o seu novo presidente no seu Congresso do Partido Comunista. Trata-se de uma escolha que ocorre a cada dez anos, ocorrida a portas fechadas e de forma não democrática e que deve confirmar o nome de Xi Jinping como presidente, que deve assumir o poder em março. Xi Jinping representa a quarta geração da liderança chinesa após a morte de Mao Tsé-Tung, sucedido respectivamente por Deng Xiaoping, Jiang Zemin e Hu Jintao. Além de definir seus líderes, o Congresso do Partido Comunista serve para discutir o futuro da China, que enfrenta muitos desafios. Por conta da crise econômica de 2008, a China enfrenta a redução de seu ritmo de crescimento econômico, que passou dos 10% anuais na década anterior para uma média de 7,5%, obrigando o país a promover um pacote de estímulo em vez de reformas estruturais. O modelo econômico que tirou 500 milhões de pessoas da pobreza precisa de reformas para continuar crescendo e gerando empregos. As companhias estatais que dominam muitos setores precisam ser abertas para a livre concorrência. O governo precisa dar mais apoio a pequenas e médias empresas.  Combater a corrupção endêmica do governo se torna um objetivo fundamental.  A diferença de renda entre regiões urbanas e rurais aumentou 69% desde 1985, a pobreza prevalece e 480 milhões da população chinesa vive sem acesso a sistema de esgoto e 120 milhões sem água potável. Temendo agitação social, o governo tem implementado programas de erradicação da pobreza. A China é o maior emissor de gases causadores do efeito estufa, com 20 das 30 cidades mais poluídas do mundo, cujo número de carros nas ruas quadruplicou desde 2003 e tudo indica que vai depender do carvão como principal fonte de energia, apesar de ter dobrado anualmente a capacidade de geração de energia eólica desde 2005. Na China, mais de 6 milhões de pessoas se formam em universidades chinesas a cada ano, aumento de seis vezes em relação aos números de 1998, substituindo a demanda por uma economia que crie apenas trabalho e riqueza, pela demanda de serviços melhores e mais liberdade. Hoje, na China, 500 milhões de pessoas usam internet, o que vem ajudando ativistas a organizar protestos contra o governo, apesar do controle governamental.  Mao Tsé-Tung foi o grande líder da Revolução Comunista na China e implementou a Revolução Cultural que arruinou sua economia e gerou fome. A morte de Mao Tsé-Tung permitiu a Deng Xiaoping implementar reformas econômicas, tais como a abertura econômica ao capital estrangeiro,  que permitiram a China ter uma taxa de crescimento econômico de 10% e se tornar a segunda maior economia do mundo. Agora é a vez de Xi Jinping.







sábado, 10 de novembro de 2012

Opinião Política - Um Novo Estados Unidos





O presidente dos Estados Unidos Barack Obama do Partido Democrata foi reeleito, derrotando Mitt Romney, o candidato do Partido Republicano. Os norte-americanos decidiram pela continuidade do governo de mudança implementado por Barack Obama, que aos poucos vem incluindo negros, latinos e mulheres na sociedade americana. No plano internacional, o governo de Barack Obama tem promovido uma política de conciliação com o Mundo Árabe, a América Latina, a África e a Ásia e tem evitado o confronto com Rússia e China. Tal política foi responsável, por um lado, pelo desmantelamento da guerra ao terror de seu antecessor George W. Bush, pela retirada de tropas do Iraque e o anuncio da saída do Afeganistão e, por outro lado, pelo assassinato de Osama Bin Laden, bombardeios na Líbia de Muamar Kadafi, discussão do programa nuclear iraniano e negociações sobre a intervenção militar na Síria. No plano interno, apesar da continuidade da crise de 2008, o governo de Barack Obama tem conseguido estimular a economia e gerar empregos e, apesar de emperrado, aprovou a reforma do sistema de saúde. A vitória de Barack Obama foi saudada pela Europa, pela América Latina, pelo Brasil, pela China, pela Rússia, considerada inimiga por Mitt Romney, e por Israel, que reafirmou a aliança com os Estados Unidos. A vitória dos Democratas representou a escolha da conciliação com o mundo sobre o isolamento dos Republicanos. A reeleição de Barack Obama vai permitir ao seu governo a dar continuidade e aprofundar as grandes mudanças prometidas em sua eleição, que ficaram abaixo das expectativas geradas, talvez por falta de tempo. Assim, tudo indica que os Estados Unidos vão se tornar um novo país, um país mais mestiço, mais liberal, mais moderno, mais pacífico, menos conservador, menos branco, menos tradicional e menos belicoso. Sai Falcões, sai Tea Party, sai Republicanos, sai George w. Bush, sai Tio Sam, entra Tio Obama.






quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Opinião Política - Brasil de 2012









As eleições municipais de 2012 foram marcadas pela renovação dos quadros políticos e pelo equilíbrio e diversidade das forças políticas, em que praticamente todos os partidos políticos conquistaram espaço político sem a formação de uma força hegemônica forte. Em São Paulo, a renovação se revelou nas candidaturas de Celso Russomano do PRB, representante do malufismo, que liderou as pesquisas do 1o turno, de Gabriel Chalita do PMDB, órfão de Orestes Quércia, e Fernando Haddad do PT, que decidiu inovar com seu nome, preterindo os já tradicionais Marta Suplicy e Aloizio Mercadante, escolhido a dedo por Lula, total desconhecido da população paulista e o grande vitorioso do pleito, derrotando o veterano e experiente José Serra do PSDB. A surpreendente derrota de José Serra e a zebra que foi a perda do PSDB de São Paulo para o PT de Lula se deveu ao desgaste do nome de José Serra, que impediu a renovação do PSDB em suas prévias e que escolheria Andrea Matarazzo como candidato, a sua enorme rejeição beirando a casa dos 50%, a má avaliação da gestão de Gilberto Kassab, seu afiliado, que apresentou um índice de 42% de ruim e péssimo, apesar de fazer uma boa administração, a temores de que José Serra abandonaria o cargo daqui dois anos para se candidatar a presidente e governador e devido principalmente ao discurso de renovação adotado por Fernando Haddad do PT. A derrota de José Serra em São Paulo foi estranha, pois Fernando Haddad foi um ministro da educação medíocre e marcado pelas falhas do ENEM, enquanto José Serra foi o melhor ministro da Saúde do Brasil, foi bom prefeito, foi bom governador e contou com o apoio do governador Geraldo Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e São Paulo rejeitava o PT, sob o julgamento do mensalão, sendo a derrota de São Paulo o fim definitivo da carreira política de José Serra, já com idade avançada, a consolidação da candidatura de Aécio Neves para presidente pelo PSDB em 2014 e a necessidade de um nome novo do partido em São Paulo. Em Belo Horizonte, Márcio Lacerda do PSB apoiado pelo senador Aécio Neves derrotou Patrus Ananias do PT, apoiado por Lula e Dilma Rousseff. A oposição saiu mais aliviada do pleito, com a conquista de Salvador por ACM Neto do DEM, a conquista de Manaus por Artur Virgílio, do PSDB, desafeto de Lula e as conquistas do PSDB nas capitais nordestinas, Teresina e Maceió, reduto do PT. O aliado PSB de Eduardo Campos rompeu com o PT em Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, elegeu prefeitos em Belo Horizonte, Recife e Fortaleza surgindo rumores de rompimento da aliança entre PT e PSB para 2014. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes do PMDB foi reeleito, em Curitiba venceu Gustavo Fruet do PDT, em Porto Alegre José Fortunati venceu, e em Vitória venceu Luciano Rezende do PPS, revelando o equilíbrio das forças politicas. O PSOL conquistou sua primeira capital desde a sua criação, vencendo em Macapá. O PSD de Gilberto Kassab conseguiu vencer em Florianópolis. Assim, no balanço geral PT, PSDB, PMDB e PSB elegeram o maior número de prefeitos, sendo o PSB o grande vitorioso, angariando capital político a Eduardo Campos. Em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab dá sinais de aproximação com o prefeito eleito Fernando Haddad e de incorporação ao governo Dilma Rousseff do PT, inclusive com sua possível indicação a ministro. O PT se tornou uma força hegemônica ao conquistar São Paulo, além do Brasil, faltando-lhe apenas o governo de São Paulo de Geraldo Alckmin, único bastião da Oposição, vindo com força para essa conquista que pode ficar a cargo de Luís Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo, Alexandre Padilha, ministro da Saúde, Marta Suplicy, ministra da Cultura e Aloizio Mercadante, ministro da Educação. A partir das eleições municipais, Dilma Rousseff do PT, Aécio Neves do PSDB e Eduardo Campos do PSB surgem como os principais nomes para assumir o Palácio do Planalto em 2014. Veremos.