Nestes dias, a ONU concedeu a
Palestina o status de Estado observador não-membro, com 138 países favoráveis,
incluindo o Brasil, e nove contrários, entre eles os Estados Unidos e Israel, num
gesto simbólico para o reconhecimento do Estado palestino, no dia que comemora
os 65 anos da partilha palestina, que previa a criação de uma nação judaica ao
lado de uma árabe. Essa decisão, no entanto, não significa a independência da
Palestina, mas, com ela, a Palestina poderá ingressar nas agências e órgãos da
ONU, o que pode representar mais um passo rumo ao distante processo de paz
entre Israel e Palestina. Vale lembrar que há poucos dias Israel e o Hamas
estiveram envolvidos em confrontos armados na Faixa de Gaza que deixaram 160
mortos e só tiveram fim com um acordo de cessar-fogo mediado pelo Egito.
Cenário vivido em 2009, em que Israel e Hamas se enfrentaram na Faixa de Gaza
durante semanas e cujos ataques só foram interrompidos após um cessar-fogo
unilateral de Israel, que se seguiu a retirada de tropas. Como se sabe, em 2007
após as eleições palestinas que deram vitória ao Hamas, o Hamas e o Fatah se
envolveram em uma breve guerra civil na Faixa de Gaza, vencida pelo Hamas, que
expulsou o Fatah do território, que passou a ocupar apenas a Cisjordânia, o que
culminou no rompimento entre Hamas e Fatah, marcando a divisão interna da
Palestina e um empecilho ao processo de paz com Israel. O Fatah controla a ANP
e seu presidente Mahmoud Abbas adota um discurso moderado. Já o Hamas defende a
destruição do Estado de Israel, é um grupo terrorista, recebe apoio do Irã,
exerce influência por meio de uma ampla rede de programas assistencialistas e
sociais e se formou a partir da Irmandade Muçulmana que atua no Egito. Os
conflitos tiveram origem a partir de 14 de maio de 1948 quando Israel declarou
sua independência, ao longo das discussões iniciadas em 1947 quando a ONU propôs
a criação do Estado de Israel, como forma de compensar os horrores do
Holocausto vividos pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial e de
solucionar o problema da imigração maciça de judeus que entravam em conflito
com a população árabe da Palestina, ao lado de um Estado árabe e palestino. Os exércitos
do Egito, Jordânia, Síria e Líbano atacaram imediatamente Israel, mas foram
derrotados. Em 1967 houve a Guerra dos Seis Dias, em que Israel derrotou Egito,
Síria e Jordânia e conquistou de uma só vez toda a Cisjordânia, as Colinas de
Golan e Jerusalém Oriental. Em 1973 houve a guerra do Yom Kippur, em que Egito
e Síria lançaram uma ofensiva contra Israel, mas foram novamente derrotados. Em
1987, aconteceu a primeira Intifada, em que milhares de palestinos protestaram
contra a ocupação israelense. A segunda Intifada aconteceu em 2000, após o primeiro-ministro
israelense Ariel Sharon ter visitado a mesquita Al-Aqsa, considerada sagrada
pelos muçulmanos, e que faz parte do Monte do Templo, área sagrada também para
os judeus. Desde então atentados terroristas, boicotes de palestinos,
lançamento de misseis palestinos, respostas desproporcionais do lado israelense
e a sua relutância em devolver os territórios ocupados impedem que a paz se
concretize. Inclusive, logo após a medida da ONU, Israel anunciou a decisão de
construir 3 mil casas em novos assentamentos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia,
criticada pelos Estados Unidos e que promete esquentar ainda mais o conflito entre
Israel e Palestina, esse conflito que não tem fim.
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