Desde que Raúl Castro, irmão do
ditador convalescente Fidel Castro, há 49 anos no poder e afastado por causa de
problemas de saúde, assumiu o poder em Cuba em 2008, o país comunista vem
adotando reformas econômicas visando dar sobrevida ao regime. Elas, no entanto,
não significam o fim do regime comunista nem a abertura econômica e política do
regime, tal como se deu na antiga União Soviética em 1991, mas sim um estímulo
a economia do país, afetada pela crise de 2008. Essas medidas visam reduzir a
interferência do Estado na economia e estimular a iniciativa privada. Elas
incluem um enxugamento na máquina estatal, com a demissão de mais de um milhão
de funcionários públicos e o corte gradual de subsídios, como alimentos e
energia elétrica. Atualmente, 85% do contingente de trabalhadores estão na
folha de pagamento do governo cubano. O Estado, que hoje controla totalmente a
economia do país, deve diminuir a participação em áreas como agricultura,
transporte, construção civil e comércio, abrindo espaço para empresas. As
primeiras intervenções na economia já foram feitas no sistema de câmbio. Cuba
possui duas moedas: o peso, com o qual são pagos os salários dos cubanos, e o
peso conversível, usado principalmente por estrangeiros. O peso conversível foi
criado em 1994 e atrelado ao dólar em 2005. Em abril, o governo desvalorizou em
8% a moeda, que retornou a taxa inicial. Dessa forma, ficará mais barato viajar
a Cuba, reaquecendo o turismo. Pela primeira vez, será permitido ao cubano comercializar
imóveis e carros. Em Cuba, a propriedade privada, base do capitalismo, foi
abolida pela revolução. Tudo pertence ao Estado. As famílias vivem por gerações
na mesma casa, quando uma pessoa se casa, vai morar com a família do noivo ou
da noiva. Somente é permitida a troca de imóveis, não a comercialização, fato
que alimenta o comércio paralelo. Devem ser facilitadas as viagens ao exterior,
que hoje dependem de uma difícil e burocrática aprovação do governo. O custo de
tirar um passaporte e pagar as despesas de todo o processo é proibitivo para um
trabalhador comum. Além disso, opositores do regime têm as autorizações para
deixar o país sistemicamente negadas. É o caso do dissidente Guillermo Fariñas
e da blogueira Yoani Sanchéz, que não puderam viajar para receber prêmios
internacionais. Vale lembrar que em Cuba, desde a revolução socialista de 1959,
bens e turismo eram restritos ou inacessíveis à população. A Revolução Cubana
de 1959 derrubou o ditador Fulgêncio Batista, no poder há 25 anos e com o apoio
dos Estados Unidos. Nos anos 1960, em plena Guerra Fria, a ilha passou a sofrer
embargos do governo americano. Com o fim da União Soviética, seu principal
parceiro comercial, em 1991, a situação econômica de Cuba começou a se
deteriorar. Nos anos seguintes, com a ajuda da China e da Venezuela de Chávez
houve uma melhora. Cuba é o único Estado socialista da América Latina e um dos
poucos que restam no mundo, ao lado de China, Coréia do Norte, Vietnã e Laos.
Os serviços cubanos são conhecidos pela qualidade nas áreas de saúde e
educação, tendo a taxa de analfabetismo quase igual a zero. Por outro lado, a
população sofre com a perseguição política, a falta de direitos civis e a
censura. Cuba passa por grandes mudanças, mesmo para manter o seu regime vivo,
o tempo passa e as coisas mudam.
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