terça-feira, 4 de junho de 2013

Opinião Política - Saudade da Dolce Vita











A Itália hoje vive uma crise política e econômica que ameaça deixar o país sem governo, sem um líder capaz de conduzir o seu destino e com saudade da dolce vita de tempos atrás. Vale lembrar que de uma posição de dependência da agricultura, analfabetismo disseminado e severo subdesenvolvimento, a Itália alcançou um dos mais altos padrões de vida do mundo; as famílias italianas chegaram a estar, em média, entre as mais ricas do mundo, protegidas pela solidariedade familiar e por uma abrangente rede de segurança social que o americano comum invejaria. O modelo italiano se baseava em uma formidável rede de pequenas empresas, entre as quais 21 mil chamadas multinacionais de bolso, que exportavamm para 150 países. A economia italiana repousava em grande parte no prestígio da Marca Itália e da dolce vita a ela associada, uma verdadeira história de sucesso e que hoje busca resistir a invasão chinesa. No entanto, o modelo entrou em crise pelos seguintes fatores: declínio histórico do modelo econômico, erros dos governos dos últimos anos, erros do governo da Europa, a globalização, a explosão do Made in China, que tornou infernal a vida das empresas italianas, ainda mais que o país ficou atado ao euro, que impede desvalorizações. Assim, a Itália passou a ocupar o 167o lugar em um hipotético torneio de crescimento entre 179 países, cresceu esquelético 0,2% na média do período compreendido entre os anos de 2001 e 2010, a crise de 2008 em diante pegou o país no contrapé e em 2009 o tombo foi de 5,2%. No ano passado, com a entrada em vigor de um regime de austeridade, como é de regra na Europa, a vida do italiano não foi nada dolce, 2012 foi o pior ano do pós-guerra, o licenciamento de carros voltou ao nível de 1979, em janeiro deste ano, a confiança do consumidor registrou o nível mais baixo desde 1996. O ex-premier italiano Silvio Berlusconi, o homem mais rico da Itália, envolvido em escândalos sexuais e investigado por crimes que vão desde evasão fiscal a corrupção, em seu quarto mandato, levou a Itália, a terceira economia da zona do euro, às portas do calote, os juros da dívida italiana subiram de 0,45%, quando assumiu em 2008, para 5,19% em novembro de 2011, quando foi defenestrado por um golpe branco articulado pela União Européia, dando lugar ao técnico Mario Monti, que não conseguiu debelar a crise. E nestas eleições ainda não entrou em consenso sobre quem vai governar o país. A Itália vive a nostalgia da dolce vita.






sábado, 1 de junho de 2013

Opinião Política - Aliança do Pacífico Bate Mercosul







A Aliança do Pacífico, bloco novo da América Latina formado por Chile, Colômbia, México e Peru, com viés liberal e apoiado pelos Estados Unidos, conseguiu desbancar o Mercosul, servindo como contraponto ao bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, de viés mais integracionista e apoiado pelos bolivarianos. Completando um ano de existência em junho e com um PIB de 35% do total latino-americano e crescimento que supera os vizinhos do Mercosul, a Aliança do Pacífico dividiu a região e já se fala de uma possível alternativa pró-mercado no continente. O Mercosul teve sua imagem fragilizada por decisões políticas recentes, como a suspensão do Paraguai, e pela lentidão em fechar um acordo de livre comércio com a União Européia. Foi afetado pelo protecionismo da Argentina, com a taxação das importações brasileiras para proteger a indústria nacional, a entrada da Venezuela no bloco e a influência dos bolivarianos, trazendo a politização do bloco. Aponta-se o papel pouco ativo do Brasil e do bloco do sul. O Brasil não conseguiu exercer uma liderança capaz de impedir a fragmentação da América do Sul e os países do Mercosul não se esforçaram por acordos comerciais e muito menos avançaram na direção de formar um verdadeiro bloco integrado. Em 2011, os países da Aliança do Pacífico já exportavam 10% a mais bens e serviços que os do Mercosul. O crescimento em 2012 entre os integrantes da Aliança do Pacífico foi de 4,9% em média e os do Mercosul foi de 2,2% . A Aliança do Pacífico já atraiu França, Espanha e Portugal como observadores, enquanto as negociações de acordo entre Mercosul e União Européia se desenrolam lentamente após mais de uma década de discussões. A Aliança do Pacífico têm uma população de 209 milhões e PIB de US$ 2 trilhões, próxima aos 198 milhões de habitantes e US$ 2,4 trilhões de PIB do Brasil, sendo o tamanho de seus mercados próximos. Para atrair investimentos, a Aliança do Pacífico é muito mais atraente porque tem o tamanho do Brasil, mas cresce mais rápido e tem mais qualidade política, com inflação baixa e economias menos fechadas. A Aliança do Pacífico surge como contraponto ao Mercosul na América Latina e isso pode representar benefícios para a integração regional, mas sob a ótica liberal.