sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Opinião Política - Diagrama Espanhol
Nestes dias ocorreram eleições regionais na
Catalunha e a aprovação de uma consulta pública sobre sua independência,
abrindo caminho para as discussões sobre sua independência em relação a
Espanha, lembrando que o país já enfrenta discussões sobre a independência de
outra região, o País Basco. O sentimento separatista ganhou força de forma
súbita com a crise econômica pela qual a Europa vive neste momento, ressurgiu
de forma inesperada e teve início depois que milhares de catalães saíram as
ruas apoiados pelo governo local e com a aprovação de seu Parlamento de uma
consulta pública sobre o tema. Como se sabe, a Catalunha é uma comunidade
autônoma, com capital em Barcelona e cujo idioma é o catalão e tinha a
reinvindicação histórica de independência de certa forma enterrada. A Catalunha
é a região que mais contribui com o PIB espanhol, cerca de 18%, tem o maior PIB
entre as regiões espanholas, de € 210 bilhões,
é uma das cinco regiões mais industrializadas
da Europa, lá estão 60% das empresas dos Estados Unidos e da França com
sede na Espanha, além das grandes montadoras, como Volkswagen, Nissan, Renault,
Siemens, Sony e Microsoft e é a região mais endividada da Espanha, com rombo
que já soma € 41 bilhões e um déficit de 3,9% e que depois da crise pela qual
vivem a Espanha e a Europa se viu com mais poder de barganha. Além da
Catalunha, a Espanha enfrenta movimentos em favor da independência de outra região,
o Pais Basco. O País Basco é uma região onde vivem os bascos, que abrange a
Espanha e a França, que tem cultura própria, sobretudo seu idioma, o euskera, que
em 1978 conquistou alto grau de autonomia do governo espanhol e que possui
movimentos separatistas. O ETA (Euskadi Ta Askatasuna) é um grupo terrorista, criado
em 1959, que luta pela independência do País Basco, que cometeu inúmeros atentados
terroristas na Espanha, deixando um saldo de 800 mortes. Durante a ditadura franquista
contou com o apoio da população e apoio internacional por lutar contra o regime
e com a redemocratização e devido aos seus atentados e sua violência, combatidos
por forte pressão policial por parte do governo espanhol, se viu enfraquecido.
Em 2011, o grupo emitiu um comunicado anunciando o final definitivo de toda e
qualquer atividade, após 51 anos de violência. A Espanha em crise hoje vê
surgir de forma súbita o recrudescimento do movimento de independência da
Catalunha e agora convive também com o movimento de independência do País
Basco. Eis o diagrama espanhol.
sábado, 1 de dezembro de 2012
Opinião Política - Rixa Entre Israel e Palestina
Nestes dias, a ONU concedeu a
Palestina o status de Estado observador não-membro, com 138 países favoráveis,
incluindo o Brasil, e nove contrários, entre eles os Estados Unidos e Israel, num
gesto simbólico para o reconhecimento do Estado palestino, no dia que comemora
os 65 anos da partilha palestina, que previa a criação de uma nação judaica ao
lado de uma árabe. Essa decisão, no entanto, não significa a independência da
Palestina, mas, com ela, a Palestina poderá ingressar nas agências e órgãos da
ONU, o que pode representar mais um passo rumo ao distante processo de paz
entre Israel e Palestina. Vale lembrar que há poucos dias Israel e o Hamas
estiveram envolvidos em confrontos armados na Faixa de Gaza que deixaram 160
mortos e só tiveram fim com um acordo de cessar-fogo mediado pelo Egito.
Cenário vivido em 2009, em que Israel e Hamas se enfrentaram na Faixa de Gaza
durante semanas e cujos ataques só foram interrompidos após um cessar-fogo
unilateral de Israel, que se seguiu a retirada de tropas. Como se sabe, em 2007
após as eleições palestinas que deram vitória ao Hamas, o Hamas e o Fatah se
envolveram em uma breve guerra civil na Faixa de Gaza, vencida pelo Hamas, que
expulsou o Fatah do território, que passou a ocupar apenas a Cisjordânia, o que
culminou no rompimento entre Hamas e Fatah, marcando a divisão interna da
Palestina e um empecilho ao processo de paz com Israel. O Fatah controla a ANP
e seu presidente Mahmoud Abbas adota um discurso moderado. Já o Hamas defende a
destruição do Estado de Israel, é um grupo terrorista, recebe apoio do Irã,
exerce influência por meio de uma ampla rede de programas assistencialistas e
sociais e se formou a partir da Irmandade Muçulmana que atua no Egito. Os
conflitos tiveram origem a partir de 14 de maio de 1948 quando Israel declarou
sua independência, ao longo das discussões iniciadas em 1947 quando a ONU propôs
a criação do Estado de Israel, como forma de compensar os horrores do
Holocausto vividos pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial e de
solucionar o problema da imigração maciça de judeus que entravam em conflito
com a população árabe da Palestina, ao lado de um Estado árabe e palestino. Os exércitos
do Egito, Jordânia, Síria e Líbano atacaram imediatamente Israel, mas foram
derrotados. Em 1967 houve a Guerra dos Seis Dias, em que Israel derrotou Egito,
Síria e Jordânia e conquistou de uma só vez toda a Cisjordânia, as Colinas de
Golan e Jerusalém Oriental. Em 1973 houve a guerra do Yom Kippur, em que Egito
e Síria lançaram uma ofensiva contra Israel, mas foram novamente derrotados. Em
1987, aconteceu a primeira Intifada, em que milhares de palestinos protestaram
contra a ocupação israelense. A segunda Intifada aconteceu em 2000, após o primeiro-ministro
israelense Ariel Sharon ter visitado a mesquita Al-Aqsa, considerada sagrada
pelos muçulmanos, e que faz parte do Monte do Templo, área sagrada também para
os judeus. Desde então atentados terroristas, boicotes de palestinos,
lançamento de misseis palestinos, respostas desproporcionais do lado israelense
e a sua relutância em devolver os territórios ocupados impedem que a paz se
concretize. Inclusive, logo após a medida da ONU, Israel anunciou a decisão de
construir 3 mil casas em novos assentamentos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia,
criticada pelos Estados Unidos e que promete esquentar ainda mais o conflito entre
Israel e Palestina, esse conflito que não tem fim.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Opinião Política - Pax Colombiana
O governo colombiano e as FARC anunciaram nestes dias a
retomada de negociações de paz, o que pode pôr um fim definitivo ao conflito
colombiano, um dos conflitos mais antigos da América Latina, iniciado há cerca
de 50 anos, que já matou 30 mil pessoas, provocou homicídios, desaparecimentos,
sequestros e deslocamentos internos forçados e fez da Colômbia o quinto país
mais violento do mundo. O conflito colombiano teve origem nas disputas pelo
poder entre liberais, socialistas e conservadores. Os liberais se aliaram aos
socialistas para enfrentar os conservadores numa guerra civil que durou 16
anos, de 1948 a 1964. Em 1964, temendo a radicalização da guerrilha camponesa,
influenciada pela revolução cubana, os liberais se aliaram aos conservadores e apoiam
o envio de tropas ao povoado de Marquetália e os comunistas, em fuga para as regiões
montanhosas da selva constituem as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. As
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no início tinha como
objetivos criar um estado comunista na Colômbia inspirado em Fidel Castro,
promover a distribuição igualitária da renda, fazer a reforma agrária, pôr fim a
corrupção e o rompimento das relações com os Estados Unidos. As FARC atuam no meio
rural e utilizam táticas de guerrilha. A guerrilha de esquerda ELN (Exército de
Libertação Nacional) também passa a atuar na Colômbia, em 1965. Em 1968 é
criada uma lei que permite a formação de um exército de direita para lutar contra
os guerrilheiros de esquerda. Esse exército foge do controle nacional e em 1997
é criada a Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), formada por paramilitares. As
AUC são responsáveis por diversos massacres que ocorrem no país. Na década de
1990 as FARC chegaram a dominar cerca de 40% do território colombiano. No
entanto, as ações do exército colombiano, que durante o governo de Álvaro Uribe
implanta a política de Segurança Democrática e faz uma ofensiva linha-dura
contra o grupo, e o Plano Colômbia, acordo firmado com os Estados Unidos em 2000,
que previa um financiamento de 1,3 bilhão de dólares em ajuda financeira para
os programas de combate as drogas e cooperação militar dos órgãos de
inteligência dos dois países enfraqueceram de vez o grupo, que teve seu líder Manuel
Marulanda, o Tirofijo, assassinado em setembro de 2010. Há indícios de que as
FARC recebem apoio e proteção do governo de Hugo Chávez e do Equador de Rafael
Correa, como ficou evidente no ataque colombiano a um acampamento das FARC em
solo equatoriano em 2008. Para sobreviver, o grupo passou a se sustentar por
meio do tráfico de drogas e do sequestro de civis, sendo a partir de então considerado
uma organização terrorista. Com o tempo, as FARC perderam o apoio da população colombiana
que via no grupo uma alternativa para reparar as desigualdades sociais, com a
maioria de seus habitantes discordando de sua atuação. Diversas negociações foram
feitas entre o governo colombiano e os grupos guerrilheiros, todas fracassaram
e somente as AUC se desmobilizaram. As FARC e a ELN lutam para sobreviver. Se o
governo de Juan Manuel Santos conseguir negociar a paz com as FARC, uma vez que
vem ensaiando uma aproximação com o grupo, um passo importante e histórico será
dado na América Latina e poderemos viver finalmente em paz.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Opinião Política - Congresso Chinês
Nestes dias, a China, a segunda maior
economia do mundo depois dos Estados Unidos, escolhe o seu novo presidente no
seu Congresso do Partido Comunista. Trata-se de uma escolha que ocorre a cada
dez anos, ocorrida a portas fechadas e de forma não democrática e que deve
confirmar o nome de Xi Jinping como presidente, que deve assumir o poder em
março. Xi Jinping representa a quarta geração da liderança chinesa após a morte
de Mao Tsé-Tung, sucedido respectivamente por Deng Xiaoping, Jiang Zemin e Hu
Jintao. Além de definir seus líderes, o Congresso do Partido Comunista serve para
discutir o futuro da China, que enfrenta muitos desafios. Por conta da crise econômica
de 2008, a China enfrenta a redução de seu ritmo de crescimento econômico, que
passou dos 10% anuais na década anterior para uma média de 7,5%, obrigando o
país a promover um pacote de estímulo em vez de reformas estruturais. O modelo econômico
que tirou 500 milhões de pessoas da pobreza precisa de reformas para continuar
crescendo e gerando empregos. As companhias estatais que dominam muitos setores
precisam ser abertas para a livre concorrência. O governo precisa dar mais
apoio a pequenas e médias empresas. Combater
a corrupção endêmica do governo se torna um objetivo fundamental. A diferença de renda entre regiões urbanas e
rurais aumentou 69% desde 1985, a pobreza prevalece e 480 milhões da população chinesa
vive sem acesso a sistema de esgoto e 120 milhões sem água potável. Temendo agitação
social, o governo tem implementado programas de erradicação da pobreza. A China
é o maior emissor de gases causadores do efeito estufa, com 20 das 30 cidades
mais poluídas do mundo, cujo número de carros nas ruas quadruplicou desde 2003
e tudo indica que vai depender do carvão como principal fonte de energia,
apesar de ter dobrado anualmente a capacidade de geração de energia eólica desde
2005. Na China, mais de 6 milhões de pessoas se formam em universidades
chinesas a cada ano, aumento de seis vezes em relação aos números de 1998,
substituindo a demanda por uma economia que crie apenas trabalho e riqueza, pela
demanda de serviços melhores e mais liberdade. Hoje, na China, 500 milhões de
pessoas usam internet, o que vem ajudando ativistas a organizar protestos
contra o governo, apesar do controle governamental. Mao Tsé-Tung foi o grande líder da Revolução
Comunista na China e implementou a Revolução Cultural que arruinou sua economia
e gerou fome. A morte de Mao Tsé-Tung permitiu a Deng Xiaoping implementar
reformas econômicas, tais como a abertura econômica ao capital estrangeiro, que permitiram a China ter uma taxa de
crescimento econômico de 10% e se tornar a segunda maior economia do mundo. Agora
é a vez de Xi Jinping.
sábado, 10 de novembro de 2012
Opinião Política - Um Novo Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos
Barack Obama do Partido Democrata foi reeleito, derrotando Mitt Romney, o
candidato do Partido Republicano. Os norte-americanos decidiram pela
continuidade do governo de mudança implementado por Barack Obama, que aos
poucos vem incluindo negros, latinos e mulheres na sociedade americana. No
plano internacional, o governo de Barack Obama tem promovido uma política de conciliação
com o Mundo Árabe, a América Latina, a África e a Ásia e tem evitado o
confronto com Rússia e China. Tal política foi responsável, por um lado, pelo
desmantelamento da guerra ao terror de seu antecessor George W. Bush, pela
retirada de tropas do Iraque e o anuncio da saída do Afeganistão e, por outro
lado, pelo assassinato de Osama Bin Laden, bombardeios na Líbia de Muamar
Kadafi, discussão do programa nuclear iraniano e negociações sobre a intervenção
militar na Síria. No plano interno, apesar da continuidade da crise de 2008, o
governo de Barack Obama tem conseguido estimular a economia e gerar empregos e,
apesar de emperrado, aprovou a reforma do sistema de saúde. A vitória de Barack
Obama foi saudada pela Europa, pela América Latina, pelo Brasil, pela China,
pela Rússia, considerada inimiga por Mitt Romney, e por Israel, que reafirmou a
aliança com os Estados Unidos. A vitória dos Democratas representou a escolha
da conciliação com o mundo sobre o isolamento dos Republicanos. A reeleição de
Barack Obama vai permitir ao seu governo a dar continuidade e aprofundar as
grandes mudanças prometidas em sua eleição, que ficaram abaixo das expectativas
geradas, talvez por falta de tempo. Assim, tudo indica que os Estados Unidos vão
se tornar um novo país, um país mais mestiço, mais liberal, mais moderno, mais
pacífico, menos conservador, menos branco, menos tradicional e menos belicoso.
Sai Falcões, sai Tea Party, sai Republicanos, sai George w. Bush, sai Tio Sam,
entra Tio Obama.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Opinião Política - Brasil de 2012
As eleições municipais de 2012 foram
marcadas pela renovação dos quadros políticos e pelo equilíbrio e diversidade
das forças políticas, em que praticamente todos os partidos políticos
conquistaram espaço político sem a formação de uma força hegemônica forte. Em
São Paulo, a renovação se revelou nas candidaturas de Celso Russomano do PRB,
representante do malufismo, que liderou as pesquisas do 1o turno, de
Gabriel Chalita do PMDB, órfão de Orestes Quércia, e Fernando Haddad do PT, que
decidiu inovar com seu nome, preterindo os já tradicionais Marta Suplicy e
Aloizio Mercadante, escolhido a dedo por Lula, total desconhecido da população
paulista e o grande vitorioso do pleito, derrotando o veterano e experiente José
Serra do PSDB. A surpreendente derrota de José Serra e a zebra que foi a perda
do PSDB de São Paulo para o PT de Lula se deveu ao desgaste do nome de José
Serra, que impediu a renovação do PSDB em suas prévias e que escolheria Andrea
Matarazzo como candidato, a sua enorme rejeição beirando a casa dos 50%, a má avaliação
da gestão de Gilberto Kassab, seu afiliado, que apresentou um índice de 42% de
ruim e péssimo, apesar de fazer uma boa administração, a temores de que José
Serra abandonaria o cargo daqui dois anos para se candidatar a presidente e
governador e devido principalmente ao discurso de renovação adotado por
Fernando Haddad do PT. A derrota de José Serra em São Paulo foi estranha, pois
Fernando Haddad foi um ministro da educação medíocre e marcado pelas falhas do
ENEM, enquanto José Serra foi o melhor ministro da Saúde do Brasil, foi bom
prefeito, foi bom governador e contou com o apoio do governador Geraldo Alckmin
e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e São Paulo rejeitava o PT, sob o
julgamento do mensalão, sendo a derrota de São Paulo o fim definitivo da
carreira política de José Serra, já com idade avançada, a consolidação da candidatura
de Aécio Neves para presidente pelo PSDB em 2014 e a necessidade de um nome
novo do partido em São Paulo. Em Belo Horizonte, Márcio Lacerda do PSB apoiado
pelo senador Aécio Neves derrotou Patrus Ananias do PT, apoiado por Lula e
Dilma Rousseff. A oposição saiu mais aliviada do pleito, com a conquista de
Salvador por ACM Neto do DEM, a conquista de Manaus por Artur Virgílio, do
PSDB, desafeto de Lula e as conquistas do PSDB nas capitais nordestinas,
Teresina e Maceió, reduto do PT. O aliado PSB de Eduardo Campos rompeu com o PT
em Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, elegeu prefeitos em Belo Horizonte, Recife
e Fortaleza surgindo rumores de rompimento da aliança entre PT e PSB para 2014.
No Rio de Janeiro, Eduardo Paes do PMDB foi reeleito, em Curitiba venceu
Gustavo Fruet do PDT, em Porto Alegre José Fortunati venceu, e em Vitória
venceu Luciano Rezende do PPS, revelando o equilíbrio das forças politicas. O
PSOL conquistou sua primeira capital desde a sua criação, vencendo em Macapá. O
PSD de Gilberto Kassab conseguiu vencer em Florianópolis. Assim, no balanço
geral PT, PSDB, PMDB e PSB elegeram o maior número de prefeitos, sendo o PSB o
grande vitorioso, angariando capital político a Eduardo Campos. Em São Paulo, o
prefeito Gilberto Kassab dá sinais de aproximação com o prefeito eleito
Fernando Haddad e de incorporação ao governo Dilma Rousseff do PT, inclusive
com sua possível indicação a ministro. O PT se tornou uma força hegemônica ao
conquistar São Paulo, além do Brasil, faltando-lhe apenas o governo de São Paulo
de Geraldo Alckmin, único bastião da Oposição, vindo com força para essa
conquista que pode ficar a cargo de Luís Marinho, prefeito de São Bernardo do
Campo, Alexandre Padilha, ministro da Saúde, Marta Suplicy, ministra da Cultura
e Aloizio Mercadante, ministro da Educação. A partir das eleições municipais, Dilma
Rousseff do PT, Aécio Neves do PSDB e Eduardo Campos do PSB surgem como os principais
nomes para assumir o Palácio do Planalto em 2014. Veremos.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Opinião Política - Vai e Volta na Ucrânia
A Ucrânia realizou nestes dias eleições legislativas que
deram a vitória ao partido do presidente Victor Yanukovich, pró-russo, e a
ex-premiê oposicionista Yulia Tymoshenko, pró-Ocidente, iniciou uma greve de
fome em protesto contra supostas fraudes e ameaças a democracia, iniciando um
novo capítulo da longa disputa na Ucrânia que nos remete a Revolução Laranja de
2004. A Revolução Laranja consistiu em uma série de protestos que ocorreram em
2004 e 2005 após as eleições presidenciais de 2004, disputadas por Victor
Yushenko e Victor Yanukovich. Na ocasião o candidato apoiado pela Rússia Victor
Yanukovich foi considerado o vitorioso do pleito, marcado por irregularidades,
fraudes e intimidações, dando origem a protestos, greves civis e atos de desobediência
civil lideradas por Victor Yushenko e Yulia Tymoshenko. Uma segunda votação foi
feita, dando a vitória ao candidato derrotado e apoiado pelo Ocidente Victor
Yushenko, que chegou a ser envenenado durante o desenrolar dos fatos,
confirmando as suspeitas. Assim, Victor Yushenko se tornou presidente da Ucrânia,
nomeando Yulia Tymoshenko como premiêr. Em 2009, como forma de pressionar o
governo ucraniano, a Rússia, por meio da Gazprom interrompeu o fornecimento de gás
para a Ucrânia, afetando as residências de 16 países da União Européia em pleno
inverno rigoroso. A Rússia fornecia 30% do gás consumido pelo continente
europeu, sendo que 80% desse volume passavam por gasodutos que atravessavam a Ucrânia.
Alegou-se a falta de acordo sobre o preço do gás em negociação, uma vez que os
russos queriam a elevação de 179,5 dólares para 250 dólares por cada mil m3,
e a Ucrânia insistia em não pagar mais de 201 dólares pelo m3 e
queria discutir o valor da tarifa para o trânsito do gás em território ucraniano.
O fornecimento de gás só foi retomado
por meio de pressões e a supervisão da União Européia. Nas eleições
presidenciais de 2010, no entanto, Yulia Tymoshenko candidata apoiada por Victor
Yushenko, foi derrotada por Victor Yanukovich, pondo fim definitivo a Revolução
Laranja. Em outubro de 2011, Yulia Tymoshenko foi condenada a sete anos de
prisão por abuso de poder na conclusão de acordos de petróleo com uma empresa
de gás russa em 2009 que gerou um prejuízo de 200 bilhões de dólares para a Ucrânia,
num processo considerado arbitrário e anti-democrático. A Ucrânia, uma das
sedes da Eurocopa de 2012, durante seus preparativos, sofreu pressões internacionais
por causa de supostos maus-tratos na prisão a ex-premiê Yulia Tymoshenko, com
cancelamento de visitas oficiais ao evento e boicotes. Vale lembrar que a Ucrânia
se tornou independente da União Soviética em 1991, desde então é alvo de
disputa de influência pela Rússia e pelo Ocidente. Além disso, a Ucrânia tem a
maior concentração de russos fora do país, é berço da etnia russa e sua população
é dividida entre a identidade russa e a identidade européia. Tentam negociar a
entrada da Ucrânia na União Européia e na OTAN, assim como a Geórgia,
despertando a fúria de Moscou, interessada em recuperar sua zona de influência
do período soviético. Enfim, mais um capítulo chega para esquentar a disputa
entre a Rússia e Ocidente pela influência da Ucrânia, uma novela que já dura
quase dez anos e que nos remete a guerra fria.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Opinião Política - Geórgia e o Kremlin
Nestes dias, o poder do presidente Mikhail
Saakashvili da Geórgia sofreu um revés político. Em suas eleições legislativas,
o partido opositor liderado por Bidzina Ivanishvili conquistou a vitória,
ensejando uma mudança política e abrindo espaço para a transferência do poder,
uma vez que Saakashvili está no poder há quase uma década, gozava de um
Parlamento que lhe era favorável, com seu partido ocupando 119 dos 150 assentos
parlamentares e Ivanishvili terá poderes inéditos desde a independência do país
da União Soviética, pois uma reforma constitucional recente transferirá muitos
dos poderes presidenciais para o primeiro-ministro, após as presidenciais do
próximo ano. Vale lembrar que a Geórgia fazia parte da União Soviética,
conquistou a sua independência em 1990 e faz parte da Comunidade dos Estados
Independentes desde 1994. A Geórgia é localizada as margens do Mar Negro, no Cáucaso,
é alvo da disputa geopolítica entre o Ocidente e o Oriente, entre a Europa e a
Rússia, entre as nações livres e o Kremlin. Essa disputa é alimentada pelos
planos da OTAN e da União Européia de incorporarem o país, gerando duras reações
da Rússia, que busca manter, exercer e recuperar a influência sobre os territórios
que faziam parte da União Soviética, entrando em choque com os Estados Unidos,
interessados em bases aéreas e petróleo. Em 2003, a Geórgia viveu a Revolução
Rosa, em que um movimento pacífico e popular liderado por Mikhail Saakashvili,
apoiado pelo Ocidente, retirou o presidente Eduard Shevardnadze do poder,
desgastado pela corrupção, pelo autoritarismo e pela crise econômica. Mikhail
Saakashvili promoveu mudanças pró-ocidentais na ex-república soviética,
combateu a corrupção e implementou reformas econômicas, sendo considerado um
exemplo de democracia. Em 2008, a Geórgia enfrentou tropas russas ao invadir a Ossétia
do Sul, região separatista que faz parte do território georgiano, mas que é habitada
por uma população de origem russa e fortemente ligada a Rússia, assim como a Abkházia,
num conflito armado que durou cinco dias. O conflito só teve fim quando aceitou-se
um plano de paz proposto pela União Européia, pelo qual tropas dos dois lados
se retiraram para posições anteriores ao início do conflito. Tal conflito
armado acabou por desgastar a imagem de Mikhail Saakashvili e culminar na sua
derrota eleitoral. Bidzina Ivanishvili se diz pragmático, que não vai entrar no
jogo estratégico das grandes potências, que vai pautar a sua política nos
interesses da Geórgia e que vai restabelecer relações amistosas com Moscou sem
ser hostil a União Européia, repetindo discurso de líderes da região que no fim
acabaram virando as costas para a Europa e seus princípios democráticos e se voltando
para Moscou, para o Kremlin.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Opinião Política - Revolução de Chávez VS Caminho de Capriles
A Venezuela realiza eleições presidenciais nesta semana e
tudo indica que o caudilho Hugo Chávez, no poder desde 1998, deve ser reeleito
para o seu terceiro mandato de seis anos, mesmo com a união inédita da oposição
e sob uma pequena margem de pontos beirando o empate técnico, ameaçando a já
despedaçada democracia venezuelana. O
clima do pleito segue quente e intensamente polarizado. Hugo Chávez chegou a
falar em guerra civil em caso de derrota e já ameaçou quem ousar reverter as
conquistas da sua revolução bolivariana. Nas proximidades de Barinas, um atirador
matou três ativistas da oposição em um ato político, levando o governo a
anunciar a prisão de três suspeitos. Hugo
Chávez foi diagnosticado há pouco mais de um ano com um tumor na região pélvica,
vem exibindo limitações durante a campanha em razão do tratamento ao qual foi
submetido e não esbanja mais o mesmo vigor físico que lhe permitia discursar
por horas e andar em meio a multidão. Durante seu governo, por um lado, Hugo Chávez
reduziu o índice de pobreza da Venezuela de 48% da população em 2002 para 28%
em 2010, retirou 30% dos venezuelanos da miséria e alcançou a menor desigualdade
de renda da América do Sul. Por outro lado, no entanto, Hugo Chávez abandonou a
responsabilidade fiscal para irrigar com verbas públicas seus projetos sociais.
Tais iniciativas, chamadas missiones, constituem seu maior trunfo eleitoral. O
gasto público subiu 23% em comparação com 2011, as reservas internacionais vêm
sendo reduzidas e a petroleira PDVSA repassou U$ 79 bilhões para o governo
gastar, o dobro do ano anterior. A dependência do petróleo e o descontrole econômico
provocaram inflação de 30%, escassez de dólares para importação, apagões de
energia e desabastecimento. E Caracas se tornou uma das capitais mais violentas
do mundo. Além disso, o autoritarismo e a destruição da democracia têm sido a
marca de seu governo, que chegou inclusive a alterar a Constituição do país. Na
Venezuela, o Executivo domina o Legislativo e o Judiciário, vive-se um regime
hibrido onde não há mais freios e contrapesos entre os poderes e o Estado é
moldado pelos interesses de Chávez. Hugo Chávez pode ainda acionar as milícias bolivarianas
recrutadas entre a população desempregada, espalhadas pelo país, leais ao
regime e inspiradas nos comitês de defesa do castrismo em Cuba. Henrique Capriles,
o candidato da oposição, vem adotando durante a campanha um estilo galanteador
e um estilo hiperativo e mostrando todo o seu vigor físico e sua excelente
forma física. Henrique Capriles tem prometido mais eficiência, ser o homem
novo, fazer um governo conciliador, manter os programas sociais, sabendo que,
por um lado, não pode atacá-los e, por outro lado, ao prometer mantê-los presta
reconhecimento ao governo. Além disso, tem enfocado a incompetência do governo,
que destruiu a PDVSA, desmontou a infraestrutura nacional, gerou inflação e fez
a criminalidade disparar. A Venezuela vive um momento tenso e vive sob
incertezas acerca de seu futuro em relação a dúvidas ligadas a ser governada
por um governo autocrático em seu terceiro mandato e sob um presidente em
tratamento ou sob um governo de oposição.
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