A eleição do socialista François
Hollande na França abriu discussões na Europa sobre a maneira mais adequada de
conter a crise e salvar a União Européia. Nessa discussão, impõem-se dois caminhos
diferentes para debelar a crise que já dura cinco anos: a austeridade defendida
pela primeira-ministra alemã Angela Merkel e o crescimento defendido pelo
presidente francês François Hollande. Angela Merkel defende a redução do
déficit, que seria o excesso de despesas em relação à receita anual dos cofres públicos,
aumento de impostos e cortes orçamentários, medidas que reduzam o endividamento
dos governos, acusados de terem gasto demais durante a bonança e pressionados a
gastar ainda mais para resgatar os bancos afetados pela crise econômica de
2008. François Hollande defende a revisão do pacto fiscal firmado pela zona do
euro dando mais ênfase para o crescimento e estímulos para o crescimento por
meio do aumento dos gastos públicos. O problema das medidas de austeridade é
que se tornaram altamente impopulares com o público, uma vez que impõem cortes
em serviços públicos, aumento da idade de aposentadorias e reduções salariais para
aposentados e funcionários públicos, afetando o crescimento. Já as políticas de
Hollande rompem com o pacto fiscal europeu firmado por 25 dos 27 países que
integram a União Européia e que se encontra em processo de ratificação pelos
Parlamentos de cada membro e cujo objetivo principal é tornar os governos mais
disciplinados com relação a suas finanças e convencer os mercados de que os países
europeus não incorrerão ao descontrole dos seus gastos, uma vez que precisam
honrar pagamentos e apertar o cinto a duras penas, movimentando a política européia.
Nesse sentido, muitos defendem um equilíbrio entre austeridade e crescimento,
um equilíbrio entre a necessidade de consolidação fiscal e as preocupações com
o crescimento, um equilíbrio entre redução dos gastos e o estímulo ao
crescimento, ou seja, lidar com a turbulência financeira sem implementar cortes
tão drásticos. A crise que, segundo o Reino Unido, ameaça a sobrevivência do
euro e da União Européia, que derrubou os governos de Portugal, Grécia, França,
Espanha, Irlanda, Itália, Islândia, Reino Unido, Eslováquia, Romênia e Holanda
e que opôs os governos de Alemanha e França, as maiores economias do bloco, teve
origem no endividamento dos países europeus, agravada com o resgate dos bancos
afetados pela crise econômica de 2008, e somente pode ser resolvida honrando-se
essa dívida, mesmo que sob duras penas, e não endividando ainda mais.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Opinião Política - Tangram Chinês
A China hoje em dia é o país de maior destaque no mundo em vista de seu espetacular crescimento econômico, por isso convém esclarecer uma dúvida sobre esse gigante. É muito comum haver confusões e dúvidas sobre Hong Kong, Macau, Tibete, Xinjiang e Taiwan, áreas que de certa forma pertencem ou pertenceram a China. Eis a explicação correta. Hong Kong é uma Região Administrativa Especial da China e uma ex-colônia do Império Britânico até 1997, que, segundo a política de um país, dois sistemas e a Lei Básica, tem um alto grau de autonomia em todas as áreas, exceto política externa e defesa e é um centro financeiro internacional, com uma economia capitalista altamente desenvolvida, sendo uma das economias mais liberais do mundo. Hong Kong possui seu próprio sistema legal, moeda, alfândega, direitos de negociação de tratados (como tráfego aéreo e permissão de aterragem de aviões) e leis de imigração próprias. Macau é uma Região Administrativa Especial da China desde os primeiros momentos da madrugada do dia 20 de Dezembro de 1999. Antes desta data, Macau foi colonizada e administrada por Portugal durante mais de 400 anos e é considerada o primeiro entreposto, bem como a última colônia européia na China. Atualmente, Macau está experimentando um grande e acelerado crescimento econômico, baseado no acentuado desenvolvimento do setor de jogos e de turismo, as duas atividades econômicas vitais desta região administrativa especial chinesa. Tibete é uma região autônoma da China, onde o budismo é professado, habitada pelos tibetanos, cujo líder espiritual é o dalai-lama, ocupada pela China desde 1949, que reivindica sua independência, resiste a imposição do comunismo e vem desde a década de 80 desenvolvendo relações amistosas com a China, permitindo a região usufruir um relativo desenvolvimento de sua economia e turismo. Xinjiang é uma região autônoma da China, habitada pelos uigures, que professam o islamismo e que lutam pela independência da região e são duramente reprimidos pela China. Taiwan é um Estado independente, cuja soberania a China recusa a reconhecer, chamando-a de província rebelde e buscando recuperar o seu controle. Taiwan é um Tigre Asiático, com forte desenvolvimento capitalista, um centro financeiro mundial e um pólo de alta tecnológico. Eis o Tangram chinês.
domingo, 13 de maio de 2012
Opinião Política - Mapa Inglês
Em 2012, teremos as Olimpíadas de
Londres e convém sanar uma dúvida muito comum para quem quer conhecer o país
que vai sediar o evento. É muito comum haver confusões com os termos Reino
Unido, Grã-Bretanha, Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte e
Irlanda. Eis a explicação correta. Reino Unido consiste em um Estado formado
por quatro países (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), membro
da União Européia, cujo chefe de Estado é a rainha Elizabeth II e chefe de
governo é o primeiro-ministro, hoje o conservador David Cameron, eleito por um
Parlamento central, em Londres, que é responsável pelas grandes questões de
governo como política econômica e política externa, sendo que Escócia, País de
Gales e Irlanda do Norte também tem assembléias nacionais, com certa autonomia
para tratar de questões mais locais, como saúde. A Inglaterra é um país com
capital em Londres, que ao longo da história conseguiu se impor politicamente
sobre alguns países vizinhos, passou a controlar o Reino Unido e no século XIX
a frente do Império Britânico se
tornou um dos maiores da história, com uma extensão territorial equivalente a
um quarto do planeta. A Grã-Bretanha seria a grande ilha onde ficam três
países (Inglaterra, País de Gales e Escócia), com quase 230 mil km2
de área, e 1000 km de comprimento de norte a sul e pouco menos de 500 km de
leste a oeste. O termo Grã-Bretanha muitas vezes é usado como sinônimo de Reino
Unido, o que não é inteiramente correto, pois um dos países que formam o Reino
Unido, a Irlanda do Norte, não fica nessa ilha. Ilhas Britânicas seria um
arquipélago formado por cerca de 5 mil ilhas, sendo as duas maiores a
Grã-Bretanha e a ilha da Irlanda, onde ficam dois países, a Irlanda do Norte
(membro do Reino Unido) e a República da Irlanda, também chamada de Eire (um
Estado independente). Além das duas ilhas grandes, fazem parte desse
arquipélago milhares de ilhas menores, como as Órcades, Shetland, Hébridas, Man
e ilhas do Canal (como Jersey). A Irlanda, ou Eire, seria um outro Estado
independente, sem nenhuma ligação com o Reino Unido. Eis o Mapa Inglês, para já
irmos nos familiarizando com o clima das Olimpíadas de 2012 em Londres.
sábado, 12 de maio de 2012
Opinião Política - Iugoslávia: Bicho de Sete Cabeças
O processo de desintegração da ex-Iugoslávia
foi um dos mais complexos das Relações Internacionais e tem importância
fundamental nos dias de hoje, uma vez que deu origem a sete novos países no mapa-múndi,
que sonham em fazer parte da atualmente cambaleante União Européia. A Iugoslávia
surgiu em 1918, se consolidou de vez a partir de levantes de guerrilheiros de
resistência contra os ataques da Alemanha nazista em 1944, e formou uma nação
formada pela união de três etnias diferentes, os eslovenos, os croatas e os sérvios,
sob o socialismo e sob a liderança de Josip Broz Tito. Durante o governo
autoritário de Josip Broz Tito, a estabilidade política entre os diferentes
grupos étnicos foi garantida a mãos de ferro, por meio de um acordo político
que garantiu a alternância de poder entre representantes deles e assentada em um
período de prosperidade econômica. Sob Josip Broz Tito, a Iugoslávia se alinhou
ao socialismo, mas adotou uma postura independente em relação a União Soviética.
Com a queda do Muro de Berlim, o fim do socialismo, a desintegração da União Soviética
e a crise que se abateu sobre o Leste Europeu, a Iugoslávia passa a conviver
com uma grave crise econômica, que reascendeu sentimentos nacionalistas entre
os grupos étnicos. Com a morte de Josip Broz Tito, em 1980, um vazio de poder
toma lugar na Iugoslávia, e se iniciam os conflitos nacionalistas entre os
grupos étnicos. Em 1991, a Eslovênia, a Croácia, cristãs, e a Macedônia,
ortodoxa, declaram independência da Iugoslávia, mesmo destino seguido pela Bósnia-Herzegovina,
muçulmana, em 1992. Nesse momento, quem estava no poder na Iugoslávia era o
ditador sanguinário Slobodan Milosevic, que sonhava em criar a Grande Sérvia, ortodoxa,
por meio da limpeza étnica e do genocídio. Buscando impedir a desintegração da Iugoslávia,
Slobodan Milosevic e guerrilheiros sérvios, reprimem de forma brutal esses
movimentos separatistas, com assassinatos indiscriminados, migrações forçadas,
extermínio de populações inteiras, destruição de cidades, queimas de aldeias
inteiras, estupros, fuzilamentos de civis, atentados terroristas e bombardeios,
lembrando cenas da Segunda Guerra Mundial na pacificada Europa. Essa onda de
violência choca a comunidade internacional, como o episódio de Srebrenica em
1995, na Bósnia, em que tropas sérvias organizaram a matança de até 8.373 bósnios
muçulmanos, levando a uma intervenção militar da ONU e da OTAN, sob a liderança
dos Estados Unidos, com o pretexto de proteger esses povos. Os conflitos não
cessam, obrigando a OTAN e os Estados Unidos a bombardearem alvos sérvios na Bósnia-Herzegovina.
Os conflitos têm fim com a assinatura, em 1995, do Acordo de Dayton, possibilitada
pela imposição de sanções econômicas internacionais contra a Sérvia, que
promoveu a paz e garantiu a independência da Bósnia-Herzegovina. Em 1997,
explodem em Kosovo, cuja população tinha origem albanesa, movimentos
nacionalistas separatistas exigindo a sua independência. Slobodan Milosevic
reprime o movimento mais uma vez com violência brutal, assustando a comunidade
internacional e levando a novas intervenções da ONU e da OTAN, sob a liderança
dos Estados Unidos. Belgrado, a capital da Sérvia, é bombardeada pelas tropas
da OTAN e a ONU assume o controle internacional de Kosovo, por meio de uma missão
internacional. Em 2000, uma rebelião popular na Sérvia exigindo democracia
derruba Slobodan Milosevic do poder, ao recusar reconhecer nessa eleição a vitória
de Vojislav Kostunica, que em 2001 é preso e transferido para o Tribunal Penal Internacional
para a ex-Iugoslávia em Haia e morto na prisão em 2006, por causas misteriosas.
Em 2003, a Iugoslávia deixa de existir, se tornando Sérvia e Montenegro. Em 2006,
Sérvia e Montenegro se separam, a partir de um referendo ocorrido em Montenegro,
formando dois países. Em 2008, Kosovo declara sua independência, que aos poucos
vai sendo reconhecida pela comunidade internacional. Eis o processo de desintegração
da Iugoslávia, um verdadeiro bicho de sete cabeças.
País / Capital
Sérvia / Belgrado
Bósnia-Herzegovina / Sarajevo
Croácia / Zagreb
Eslovênia / Liubliana
Kosovo / Pristina
Montenegro / Podgorica
Macedônia / Skopje
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Opinião Política - Mitos Sobre a China
O pensamento de esquerda moderno
gosta de exaltar a China, como a grande vencedora da globalização, por justamente
impor restrições ao processo, como o símbolo da resistência as potências
ocidentais, a economia que mais cresce no mundo e um exemplo de desenvolvimento
a ser seguido. Esquecem que essa tese apresenta inúmeras restrições. A China é
uma ditadura, que viola os direitos humanos, controla a sociedade com mãos de
ferro, não tem sistema jurídico, onde a arbitrariedade prevalece, reprime manifestações,
inclusive com tanques de guerra, censura a imprensa, persegue opositores e mantém
prisões políticas medonhas, onde a tortura ainda é usada. Tanto que muitos
chineses têm o sonho de deixar a China para viver nos Estados Unidos, como o ativista
e dissidente chinês cego Chen Guangcheng, que pediu para se mudar, pois ele e
sua família corriam risco na China. Na China, a falta de liberdade de imprensa
afeta até jornalistas estrangeiros, que têm que pedir autorização ao governo chinês
para filmar partes do país e que podem ser expulsos do país, como se viu no
caso da expulsão da jornalista da TV Al Jazeera, Melissa Chan. A internet é
fortemente controlada pelo governo, tanto que o Google, o maior site da
internet do mundo decidiu deixar o país, em vista de restrições e censuras
impostas pelo governo chinês a seus serviços. Muitos gostam de exaltar o fato
de a China ter ultrapassado o Japão no ranking das maiores economias do mundo,
se tornando a China a segunda e o Japão a terceira economia mundial, e o extraordinário
crescimento econômico chinês, exaltando-se as glórias do capitalismo chinês e
falando-se na China como potência de primeira classe. Vale lembrar que o Japão
é uma grande potência e expoente do capitalismo desde o século XIX com a Revolução
Meiji, passando pela Segunda Guerra Mundial e permanece assim até os dias de
hoje, enquanto a China só agora, a partir da década de 80, emergiu como grande
potência. Isso se deu porque a China abriu sua economia para as empresas
estrangeiras e para os investimentos internacionais, mas essa abertura ainda não
foi completa, uma vez que o governo chinês ainda impõe restrições a suas
atividades, tornando-as obscuras e pouco transparentes. Além disso, a China
passou a investir pesado na educação, se adaptando a globalização, entrando na
era do conhecimento, abandonando de vez a era da Revolução Cultural de seu
velho líder Mao Tsé-Tung. Sim, o desenvolvimento real da China se deu na era de
Deng Xiaoping, que assumiu após a morte em 1976 do sanguinário Mao Tsé-Tung, líder
da desastrosa Revolução Cultural, cujos ensinamentos ainda são seguidos pela população
chinesa, cujo retrato está presente em todo o país e cuja figura ainda desperta
paixões, num sinal do atraso e da ignorância da China. Sobre a China ouve-se
constantemente, quase que diariamente, notícias sobre explosões de minas de carvão,
num sinal dos sérios problemas da China, lembrando de forma muito distante a explosão
nuclear da usina de Chernobyl, na ex-União Soviética. A pobreza e a miséria ainda
atingem grande parte da população chinesa, tanto que o governo faz questão de
escondê-las, impedindo seu acesso pela mídia internacional. Esses são reflexos
do socialismo chinês, que apesar de não existir mais e ter se adaptado ao
mercado, ainda está presente na sociedade e na bandeira chinesas. A China hoje
em dia é uma das grandes estrelas do cenário internacional, com um crescimento
vigoroso e a grande promessa do futuro, mas para continuar nesse ritmo precisa continuar
investindo pesado em educação e abandonar de uma vez por todas seu socialismo,
sua ditadura e seu eterno líder Mao Tsé-Tung, símbolos bizarros e símbolos do
atraso chinês.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
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Opinião Política - Caminho da Índia
A Índia tem se destacado cada vez
mais no cenário internacional e tem tudo para se tornar uma grande potência. A
economia da Índia cresce a uma taxa anual em torno de 9% e junto com a China
são as duas economias que mais crescem no mundo nos dias de hoje. A Índia se
destaca no setor da tecnologia da informação, call center e desenvolvimento de
software e tem como pólo de desenvolvimento a cidade de Bangalore. Muitos
indianos falam inglês além do hindi, sua língua nativa, o que facilita muito no
ramo de informática. A cultura e os valores indianos se disseminam no mundo com
seus filmes produzidos em Bollywood, a Hollywood indiana. No campo militar, a Índia
possui a bomba atômica e mantém com os Estados Unidos um acordo de cooperação
na área de tecnologia nuclear. A Índia é uma democracia e devido a sua
população de 1,21 bilhão de pessoas, atrás apenas da China com 1,34 bilhão de
pessoas, e sua grande extensão territorial a torna a maior democracia do mundo.
No entanto, para se tornar uma potência de primeira linha tem de enfrentar
muitos desafios. A pobreza e a miséria afeta grande parte de sua população,
muitos vivem em favelas a céu aberto e a fome assola os indianos. A
desigualdade social no país é gritante e se nada for feito para reduzi-la,
corre-se o risco de haver caos social. A religião hindu com seu sistema de
castas, caracterizado pela discriminação e separação das pessoas em castas de
acordo com sua ascendência das diferentes partes do corpo do deus Brahma, que
não permite a mistura de pessoas de castas diferentes e separa-as em classes e
funções sociais agravam ainda mais seus problemas. A sua infraestrutura é
precária, ouvindo-se constantemente nos noticiários notícias sobre acidentes
envolvendo trens lotados, com a morte de multidões. A Índia possui uma enorme
diversidade étnica, com 1.600 etnias diferentes, o que torna difícil a
administração dessa diversidade e provoca conflitos étnicos. São comuns no país
ataques entre grupos étnicos pelo controle de territórios, conflitos religiosos
e atentados terroristas como o que aconteceu em 2008 em Mumbai, que matou 195
pessoas, coordenado por grupos extremistas islâmicos e com apoio do serviço de
inteligência paquistanês. Vale lembrar que a Índia disputa com o Paquistão o
controle da Caxemira, chegando a entrar em guerra com o país vizinho três
vezes, o que quase provocou um desastre nuclear, uma vez que ambos têm a bomba
atômica. O Paquistão é o maior rival da Índia na região, e junto com a China
ameaçam a liderança da Índia. A Índia pode se tornar uma grande potência
mundial, mas tem um longo caminho a percorrer.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Opinião Política - Quebra-Cabeça Turco
A Turquia é um país complexo e vive vários
dilemas ao mesmo tempo. No plano interno, a Turquia viveu um processo de secularização
empreendido a mãos de ferro por Ataturk, o pai da Turquia moderna, que tornou a
Turquia um país laico e buscou livrá-lo de qualquer influência islâmica. Tanto
assim que o Exército é o responsável por vigiar e proteger o país dessa influência
islâmica, impedindo a chegada ao poder de um governo islâmico e dando golpes de
Estado contra governos que adotassem medidas de caráter islâmico. Vale lembrar
que a Turquia é remanescente do antigo Império Otomano, bastião e defensor do
Islã. A Turquia não é uma democracia plena, persegue opositores, persegue a
imprensa, mantém prisões políticas medonhas, viola os direitos humanos,
restringe protestos e reprime manifestações. Haja vista a forma como reprime as
manifestações e as declarações de independência dos curdos. No plano externo, a
Turquia se localiza entre dois continentes, Europa e Ásia, ora se identificando
com uma ora com outra região, como fica evidente quando a Turquia participa dos
torneios de futebol como europeu e quando critica os ataques israelenses na Cisjordânia
e na Faixa de Gaza, nos territórios palestinos. A Turquia é um dos aliados dos
Estados Unidos, faz parte da OTAN e quer ingressar na União Européia, mas sofre
restrições por parte deles porque grande parte de sua população é muçulmana e
professa o islamismo, num verdadeiro choque cultural. A Turquia é repreendida
pela Comunidade Internacional por não reconhecer o genocídio de armênios cometido
pelo Império Otomano em 1915, no episódio que provocou a morte de 1,5 milhão de
armênios. A Turquia enfrenta rusgas diplomáticas com a Grécia, devido a disputa
por influência da ilha de Chipre, que segue dividida por áreas de influência
grega e turca, sendo esta instalada por meio de um golpe de Estado apoiado pela
Turquia, inclusive com o envio de tropas turcas. O maior desafio da Turquia é
fazer parte da União Européia, hoje em crise, que impõe diversas exigências a
Turquia para entrar no clube. Eles exigem que a Turquia seja uma democracia
plena, não use a violência contra os curdos, reconheça o genocídio dos armênios,
retire tropas de Chipre e adote reformas econômicas, mas desconfiam do país por
ter população muçulmana e de ser pobre em relação aos países europeus, temendo
sua imigração. Eis o quebra-cabeça turco.
Opinião Política - Putin, o Novo Czar
Dia 7 de maio, o primeiro-ministro
russo Vladimir Putin toma posse como presidente da Rússia. A data marca o
retorno de Vladimir Putin ao poder, depois do governo de seu aliado fiel Dmitri
Medvedev, que o havia nomeado primeiro-ministro, tal a influência de Putin em
seu governo. O governo Putin foi marcado pelo forte autoritarismo, típico de
qualquer governante da Rússia. Vale lembrar que a Rússia foi governada pelos
czares, por Stalin, pelos comunistas, por Boris Ieltsin, que não foi tão democrático
pelos padrões ocidentais, e por fim por Vladimir Putin. Como de costume, no
governo Putin houve repressão a protestos, prisões arbitrárias, perseguições políticas,
censura da imprensa, assassinato de jornalistas, violações aos direitos humanos
e cerco aos seus desafetos. Se não fosse a legislação russa, Vladimir Putin
teria permanecido no poder até hoje, sem ter tido o governo marionete de Dmitri
Medvedev. Vladimir Putin assumiu o governo em 1999 e deixou o poder em 2008 e
buscou alterar a legislação para concentrar poderes em suas mãos. A cultura
russa ao longo de toda a sua história nunca conviveu bem com os valores democráticos,
desde Catarina II e demais czares até os dias de hoje. Na política externa, Vladimir
Putin buscou recuperar e reforçar o papel de grande potência da Rússia no cenário
internacional, objetivo idêntico ao dos czares, de Stalin e dos comunistas. No
passado, o Império Russo era extenso e era poderoso, no entanto, vivia a margem
das decisões mundiais tomadas na Europa, pois era uma potência menor se
comparada com as potências ocidentais, mas tinha participação na definição dos
rumos do planeta. No período de Stalin, enquanto o mundo agonizava com a crise econômica
mundial, a então União Soviética ficou ilesa da crise, passando por um
crescimento espetacular de sua economia. Após a Segunda Guerra Mundial, a União
Soviética, ao lado dos Estados Unidos, emergiu como uma das superpotências, buscando
exercer influência sobre metade do planeta e contrabalancear os Estados Unidos,
na chamada Guerra Fria. Com o colapso e a desintegração da União Soviética, a Rússia
assume um papel de reboque no cenário internacional, situação que se alterou com
Vladimir Putin, que tentou recuperar o papel de destaque da Rússia no planeta.
Assim, a Rússia reforçou no plano interno seu autoritarismo e no plano externo
seu papel de grande potência, com Putin, o novo czar.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Opinião Política - Mitos Sobre o Vietnã
Qualquer pensamento de tendência de
esquerda e do Terceiro Mundo gostam de exaltar o Vietnã, as glórias do povo vietnamita
sobre o exército norte-americano, a resistência do povo vietnamita frente as invasões
das potências ocidentais e o crescimento vertiginoso da economia vietnamita.
Esquecem que após a Guerra do Vietnã foi instalado no país uma ditadura
comunista, que como sempre persegue cristãos e demais religiões, persegue
oposicionistas ao regime, mantém o sistema de partido único, não é uma
democracia, há execução de prisioneiros políticos, a arbitrariedade prevalece, os
líderes não são eleitos pela população, não há liberdade de expressão, viola os
direitos humanos, a imprensa é controlada pelo governo, a internet é censurada,
típico de qualquer ditadura, e que, além disso, por ser comunista, provocou a
morte por fome de milhares de pessoas, impulsionou a corrupção de seus
dirigentes, arruinou sua economia e gerou miséria para toda a sua população. Além
disso, o Vietnã se libertou da dominação das potências ocidentais para ficar
sob o jugo da União Soviética. Ao perceber o desastre do comunismo e com a
morte de Ho Chi Minh, seus líderes, assim como a China fez após a morte de Mao
Tsé-Tung e a ascensão de Deng Xiaoping, decidiram abrir sua economia para os
investimentos estrangeiros, mas manter fechado o regime político. O resultado
disso foi a atração de investimentos e empresas estrangeiras e o país passou
por longos anos por altas taxas de crescimento econômico, beirando a casa dos 9%
ao ano, se tornando um dos países que mais crescem no mundo e que são um dos países
de destaque na economia mundial. O Vietnã, no entanto, convive com a fome e a miséria
de parcela de sua população, a pobreza afeta algumas regiões, tanto que o
governo restringe o acesso dessas regiões pela mídia estrangeira e o
autoritarismo do governo atropela alguns indivíduos na sua busca desenfreada pelo
crescimento econômico. O Vietnã, para atrair as empresas estrangeiras, mantém
uma mão-de-obra barata e intensiva, cujas condições de vida lembram a escravidão.
O Vietnã é uma das principais estrelas da Ásia e do mundo, vem implementando
reformas em sua economia, mostrou que é possível um país do Terceiro Mundo impor
derrota a maior potência do planeta e é um exemplo de um país que sonha com a
liberdade e a independência, porém, é uma ditadura sangrenta, não é uma
democracia e é um dos poucos países do mundo que possui o nome comunista, ao
lado de China, Coréia do Norte, Cuba e Laos.
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